– Acho que está na hora de eu arranjar uma namorada.
– Você diz isso sempre. O problema é que você está sucessivamente em busca de uma futura ex-namorada.
– Como assim?
– Você já começa os relacionamentos pensando que eles vão acabar.
– Ora, mas eles vão. Todos acabam, uma hora.
– Pois sim, mas você não poderia às vezes ser um pouquinho menos racional? Você não consegue sonhar em passar o resto da vida com um amor?
– Um amor não dura tanto tempo. Mas de qualquer forma, isso que você diz é um equívoco, eu não sou tão pessimista assim.
– Ah, é, e o que me diz da Cíntia?
– O que tem a Cíntia?
– O que você disse quando conheceu ela?
– Pôxa, não me lembro.
– Você disse: “gostei dela. Pena que tem esse temperamento auto-suficiente. Vamos acabar brigando, nenhum dos dois vai dar o braço a torcer e vamos acabar”.
– Ora, e não foi isso o que aconteceu?
– Foi. E você o que fez para evitar?
– Quando nos encontramos na festa do Pedrão eu cumprimentei ela. Até sorri. Pô, dei margem para ela conversar comigo, ela que não desenvolveu.
– É, lembra aquela vez que você citou uma teoria sobre cada tipo de personalidade ter um prazo de validade nos relacionamentos?
– Lembro, era uma ótima tese.
– Não é não. É completamente fatalista. Se você quer arranjar uma namorada, melhor pensar de outro jeito.
– É talvez eu não precise de uma namorada agora.
– Ótimo, esse papo já estava me irritando.
– Então cala a boca e me beija.
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